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Estudante do MA é selecionado para festival de dança na França e apresenta performance sobre o Cazumbá

Estudante do MA é selecionado para festival de dança na França e apresenta performance sobre o Cazumbá Reprodução/Redes Sociais O estudante maranhense Igo...

Estudante do MA é selecionado para festival de dança na França e apresenta performance sobre o Cazumbá
Estudante do MA é selecionado para festival de dança na França e apresenta performance sobre o Cazumbá (Foto: Reprodução)

Estudante do MA é selecionado para festival de dança na França e apresenta performance sobre o Cazumbá Reprodução/Redes Sociais O estudante maranhense Igor Cariman foi um dos nove artistas brasileiros selecionados para participar da 21ª Bienal de Dança de Lyon, na França. O evento é considerado um dos maiores festivais internacionais de dança contemporânea do mundo. O jovem representou o Maranhão com a performance "Cazumbá: Corpo que baila no terreiro”. O festival aconteceu entre 6 e 28 de setembro e reuniu artistas do mundo todo. No evento, eles apresentaram performances e apresentaram seus trabalhos para um público de programadores, curadores, coreógrafos e diretores de festivais franceses. 📲 Clique aqui e se inscreva no canal do g1 Maranhão no WhatsApp 🔎 O cazumbá é um personagem místico presente nos grupos de Bumba meu boi do sotaque da baixada no Maranhão. A figura não é considerada nem homem e nem mulher, mas um ser sobrenatural que ritualiza a vida e morte no bumba meu boi. O personagem é caracterizado pelas máscaras animalescas, vestes coloridas e bailado compassado. Estudante maranhense apresenta performance sobre Bumba meu Boi em Harvard Igor levou toda a ancestralidade, misticismo e espiritualidade do personagem para o palco do festival francês. O trabalho já havia sido apresentado em 2024, na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Na ocasião, Igor recebeu o prêmio "Cultura em Ação" e dividiu espaço com nomes como Ivete Sangalo e Regina Casé. Ao g1, Igor Cariman contou da alegria em ser selecionado para participar do evento. Para ele, levar a cultura regional maranhense a festivais internacionais fortalece o sentimento de pertencimento. “O Bumba meu Boi do Maranhão é imenso, nunca um barracão, um grupo é igual o outro, apesar de ser a mesma manifestação cultural, e isso me faz ser apaixonado por brincar Boi. É o sentimento de pertencimento. É resistência negra em meio a diáspora no Maranhão", diz Igor. Além de artista, Igor é acadêmico em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), brincante do Bumba Meu Boi da Floresta de Mestre Apolônio, do Quilombo Urbano Liberdade em São Luís e, membro-coordenador do Grupo de Estudos Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente (Gedmma/Ufma). Seleção Maranhense (à esquerda) foi selecionado com outros artistas brasileiros para participar do evento Reprodução/Redes Sociais Além do maranhense, outros oito jovens artistas de Goiás, Pernambuco, Pará, Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul foram selecionados para representar o Brasil no evento. Os artistas foram selecionados pela Bolsa Funarte Brasil Conexões Internacionais 2025, ligada ao Ministério da Cultura. Durante o festival, eles participaram de workshops, oficinas e mesas de debate. Qual a origem do cazumbá? Cazumbá Divulgação Conforme Elisene Matos, mestre e doutora em ciências sociais pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), não há registros de onde e quando surgiu o cazumbá no bumba meu boi, apesar de o personagem se concentrar principalmente na Região da Baixada Maranhense e em alguns municípios do Litoral Norte do estado, como São Luís. Ela aponta que alguns artigos de pesquisadores e antropólogos, elaborados entre os anos de 1986 e 2005, atribuem ao personagem uma origem africana. Em seu livro “Cazumbas: pessoas e personagens do bumba-meu-boi”, Elisene cita a associação feita pelo pesquisador e padre, Bráulio Ayres, das caretas e indumentárias dos cazumbás aos rituais praticados para os vodus africanos. “A afirmação feita pelo pesquisador é resultado de suas observações em comunidades africanas, mais precisamente na cidade de Ouidah (região cultural do culto vodu que se estende por Gana, Togo e Benin), onde segundo ele, cada vodu possui uma relação metade humana, metade espiritual. [...] Com efeito, as máscaras africanas possuem semelhança, em alguns aspectos, como o formato animalesco, com as caretas utilizadas pelo personagem Cazumba”, escreve Elisene Matos em seu livro.