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Senadora do MA repudia tentativa de levar PL que criminaliza misoginia, já aprovado no Senado, para votação em plenário

Senadora Ana Paula Lobato (PSB-MA). Geraldo Magela/Agência Senado A senadora Ana Paula Lobato (PSB-MA), que denunciou no último sábado (25) que recebeu amea...

Senadora do MA repudia tentativa de levar PL que criminaliza misoginia, já aprovado no Senado, para votação em plenário
Senadora do MA repudia tentativa de levar PL que criminaliza misoginia, já aprovado no Senado, para votação em plenário (Foto: Reprodução)

Senadora Ana Paula Lobato (PSB-MA). Geraldo Magela/Agência Senado A senadora Ana Paula Lobato (PSB-MA), que denunciou no último sábado (25) que recebeu ameaças de morte nas redes sociais, após apresentar um projeto de lei que criminaliza a misoginia, divulgou uma nota de repúdio contra onze senadores que entraram com um recurso para que a proposta seja votada em plenário. A proposta, aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado em 22 de outubro, seguiria direto para a Câmara dos Deputados, mas o recurso dos senadores do Partido Liberal (PL) e União Brasil (União) pode fazer o texto voltar ao Senado para ser votado em plenário. Segundo Ana Paula Lobato, o recurso foi protocolado por uma “minoria de senadores, todos homens”, que tentam impedir o avanço da proposta. “É inaceitável que, em pleno século XXI, ainda existam resistências a uma proposta que reconhece o ódio às mulheres como crime e busca proteger vidas. Mesmo diante desse posicionamento e das ameaças que venho sofrendo desde a aprovação na CCJ, não recuo. Essa é uma luta das mulheres brasileiras, e o machismo não vai me calar”, destacou a senadora na nota. Ana Paula pediu apoio dos demais senadores, em especial, da Bancada Feminina, que, “independentemente do campo político", tem se mantido ao seu lado. O recurso foi assinado pelos senadores Eduardo Girão (Novo-CE), Marcos Rogério (PL-RO), Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Magno Malta (PL-ES), Luis Carlos Heinze (PP-RS), Rogério Marinho (PL-RN), Márcio Bittar (União-AC), Alan Rick (União-AC), Carlos Portinho (PL-RJ), Jorge Seif (PL-SC) e Wilder Morais (PL-GO). No documento, os parlamentares afirmam que, por se tratar de um tema “penal e constitucionalmente sensível”, o projeto precisa ser debatido no plenário. “Ao incluir a misoginia na Lei nº 7.716/1989, o projeto automaticamente torna tais crimes inafiançáveis e imprescritíveis, o que reforça a necessidade de um debate mais aprofundado sobre os limites e a proporcionalidade penal dessa equiparação. Por envolver valores fundamentais, como a liberdade de expressão, a segurança jurídica e o alcance do direito penal, é dever do Senado garantir uma discussão ampla e transparente”, diz um trecho do documento. Os senadores afirmam ainda que o recurso não se opõe ao objetivo de proteger mulheres contra o ódio e a discriminação, mas apontam falhas técnicas no texto aprovado, como uma definição considerada “ampla e imprecisa” de misoginia. Segundo eles, isso poderia levar à criminalização de condutas que não representem ódio real às mulheres. “Dessa forma, apresenta-se este recurso para que o PL 896/2023, que tramita em conjunto com o PL 985/2023, seja submetido à deliberação do Plenário do Senado Federal, a fim de que o texto possa ser aperfeiçoado, corrigindo eventuais imprecisões e assegurando equilíbrio entre proteção da dignidade das mulheres e preservação das liberdades individuais”, destacam os senadores no documento. Ameaça de morte A senadora Ana Paula Lobato denunciou, no último sábado (25), ter recebido ameaças de morte nas redes sociais após apresentar o projeto de lei que criminaliza a misoginia. As mensagens, publicadas por um perfil na rede social X (antigo Twitter), acusavam a parlamentar de ser contrária à democracia e à liberdade de expressão. Em uma delas, o autor afirmava que ela iria “morrer” por defender punições a quem ofende mulheres na internet. Depois da repercussão, o perfil responsável foi excluído. Senadora do MA denuncia ameaças de morte após apresentar projeto que criminaliza misoginia Divulgação/Redes sociais Diante das ameaças, Ana Paula registrou boletim de ocorrência na Polícia Legislativa do Senado e também acionou a Divisão de Assuntos Parlamentares da Polícia Federal, em Brasília, para investigar o caso. O Partido Socialista Brasileiro (PSB) divulgou nota de repúdio, condenando qualquer forma de violência contra a mulher e prestando solidariedade à senadora. O partido ressaltou que nenhuma ameaça será capaz de calar sua voz na defesa da igualdade de gênero, do combate ao preconceito e da promoção de uma sociedade mais justa e democrática. O que diz o projeto que define misoginia como crime  CCJ do Senado aprova projeto que criminaliza a misoginia O texto de autoria da senadora Ana Paula Lobato (PDT-MA) tipifica misoginia como crime e equipara a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião. Com a equiparação, quem for enquadrado no crime poderá ser condenado a pena de reclusão de dois a cinco anos e multa. "Não há uma resposta penal específica, mais severa, para a injúria praticada em razão de misoginia, crime cada vez mais frequente. Da mesma forma, o ordenamento não pune a disseminação de discursos misóginos, que contribuem para o aumento das violências físicas praticadas contra as mulheres", justificou a autora. O texto foi aprovado pela Comissão de Cidadania e Justiça em situação terminativa, ou seja, caso não receba qualquer sugestão de emendas nos próximos cinco dias, seguirá para a Câmara dos Deputados sem passar pelo plenário do Senado. Durante a tramitação, a relatora, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) fez um adendo ao texto para definir o crime de misoginia, que será o seguinte: "Considera-se misoginia a conduta que manifeste ódio ou aversão às mulheres, baseada na crença da supremacia do gênero masculino”, afirmou. "Misoginia não se restringe ao mero crime contra a honra, como a injúria. De fato, a conduta misógina não fere a honra de uma só mulher, mas fere a integridade de um grupo e ameaça a existência plena de todas. A misoginia recusa a equivalência e afirma o poder e a hegemonia de um gênero sobre o outro", afirmou a senadora.